O sistema de troca de marchas da bicicleta pode ser considerado a alma do funcionamento de uma bicicleta. É através dele que o desempenho em volta do ciclismo se desenvolve e ajudou a evoluir o esporte como um todo.

Desde os primórdios, quando a bicicleta era apenas o pedivela, uma corrente e uma catraca, até os tempos atuais, com modernos sistemas de passadores de marcha e transmissão cada vez mais rápida, a relação entre o ciclista e a potência desempenhada com a pedalada sempre demandou muito estudo e adequação.

E com o passador de marcha não foi diferente. Na medida em que ele consiste em apenas um dos importantes componentes que, juntamente com o câmbio traseiro, câmbio dianteiro (opcional) e corrente, fazem com que a bicicleta desenvolva maiores velocidades e, consequentemente, maior performance.

Conforme vamos detalhar, os primeiros controles acerca das marchas consistiam em alavancas de mudança compostas por hastes metálicas de acionamento que atuavam diretamente em cada câmbio, sem a utilização de cabos ou conduítes.

Cada parte deste conjunto foi desenvolvendo produtos cada vez mais modernos, com menos peso e maior eficiência, causando uma evolução das bicicletas ao longo dos anos. A vinda de várias marcas foi um facilitador deste processo, que passaram a apresentar diferença na concepção dos seus produtos.

Passador de marcha. Crédito: Unsplash

Evolução da Bike e Sistemas de Marchas

Com o passar do tempo, as alavancas passaram para o Down Tube (tubo de baixo do quadro), passando a contar com controles através de cabos. Neste tipo de passador de marcha, o ciclista tinha que “achar” o ponto certo entre as engrenagens para conseguir fazer as trocas, o que era uma tarefa muito complicada, exigindo deslocamento do corpo, pois estava numa distância muito longe do guidão.

A partir do engrandecimento do mountain bike, houve a necessidade de repensar o passador de marcha da bike, levando-se em conta a facilidade para pedalar e a necessidade de manutenção das mãos junto ao guidão.

Com essa nova necessidade, criou-se o chamado Thumbshifter, evoluindo para o Rapid Fire, Sistema STI e assim por diante.

Passador de marcha da Shimano. Crédito: Unsplash

Basicamente, a diferença entre os sistemas é o modo como o passador de marcha da bicicleta foi concebido e disposto no guidão, a posição junto à manopla e a forma como as trocas de marcha são efetuadas.

Seja como for, o passador do câmbio traseiro sempre fica do lado direito do guidão, enquanto o do câmbio dianteiro do lado esquerdo. Apesar de serem passadores similares, cada lado tem o funcionamento interno diferente.

Se você ficou curioso, continue a leitura e descubra as características de cada um destes passadores de marcha de bicicleta e a evolução ocorrida por trás do sistema e transmissão das bikes.

Passadores de Marchas de Bicicleta

Thumb Shifter

Shimano Positron II Thumb Shifter com 6 velocidades. Créditos: Uberprutser - Wikimedia Commons
Shimano Positron II Thumb Shifter com 6 velocidades. Créditos: Uberprutser – Wikimedia Commons

O passador thumbshifter é um sistema muito antigo e não é mais usado atualmente. Todavia, este passador já equipou diversas bikes pelo passado, e era composto por uma alavanca presa ao guidão virada pra cima e que o ciclista a gira com o polegar para efetuar a mudança das marchas.

Era um sistema lento, que ficava numa posição desconfortável e difícil de regular, caindo, assim, em desuso diante das suas evidentes desvantagens. Ademais, era um passador de marcha perigoso para o ciclista de competição, pois exigia que o atleta tirasse a mão da manopla para fazer as mudanças.

Com o passar do tempo, este passador de marcha até ganhou uma forma melhorada, sendo com sistema de indexação (um click representa uma mudança de marcha). Mas, mesmo assim, foram sendo paulatinamente substituídos.

Atualmente, este sistema, por ter um preço mais acessível, é encontrado em bicicletas de passeio e modelos populares, com 5, 6 ou 7 velocidades.

Twist Shifter ou GripShift

Shimano Nexus com tecnologia Twist Shifter. Créditos: Santeri Viinamäki - Wikimedia Commons
Shimano Nexus com tecnologia Twist Shifter. Créditos: Santeri Viinamäki – Wikimedia Commons

O passador de marcha Twist Shifter consiste num sistema composto por um “punho” giratório inserido no guidão.

Esse modelo ficou popular entre os praticantes de MTB, porque era mais leve, menos sujeito a quebras e não precisava tirar a mão do guidão para efetuar a troca das marchas.

A marca SRAM chama seu modelo de GripShift

SRAM MRX 8 velocidades com tecnologia GripShift. Créditos: Tx-re - Wikimedia Commons
SRAM MRX 8 velocidades com tecnologia GripShift. Créditos: Tx-re – Wikimedia Commons

Este sistema ainda é muito encontrado atualmente, porque é fácil e seguro de fazer as mudanças sem largar as manoplas ou movimentar muito a mão.

Basta girar o punho para frente e para trás e as mudanças são efetuadas, num sistema indexado ou não, a depender do modelo. Em geral, a bicicleta equipada atualmente com o Twist Shifter é um modelo iniciante ou de passeio.

A partir deste sistema é que começaram a surgir diversas mudanças e lançamentos de novos controles de marchas de um ano para o outro, com uma grande quantidade de tipos e modelos a partir da década de 90.

Rapid Fire

Passar de marcha da linha Shimano RapidFire. Imagem retirada do site oficial da Shimano
Passar de marcha da linha Shimano RapidFire. Imagem retirada do site oficial da Shimano

Este provavelmente é o passador mais conhecido da geração MTB e foi uma grande virada de página na história da transmissão, afetando na qualidade do câmbio, corrente, roda e qualquer outro componente produzido a partir da sua criação.

Fazendo jus ao nome, “fogo rápido”, a troca de marcha deste passador é dinâmica e segura, com a alavanca próxima ao punho. Ou seja, não era mais preciso sequer soltar as manoplas.

O trocador foi consideravelmente melhorado, a alavanca é ergonômica e trouxe inúmeras vantagens.

Outra necessidade de adaptação que demandou foi a compreensão da troca de marchas com o polegar e o indicador, sendo um dedo em cada alavanca, ou fazer todas as trocas com o polegar.

Rapid Fire para Road Bikes

Manete da linha Shimano DURA-ACE com tecnologia STI. Imagem retirada do site oficial da Shimano
Manete da linha Shimano DURA-ACE com tecnologia STI. Imagem retirada do site oficial da Shimano

A marca Shimano foi quem apresentou os passadores Rapid Fire para Mountain Bikes no final de 1989, sendo que em 1990 a evolução das alavancas indexadas no guidão chegou às bicicletas de estrada com o sistema STI – Shimano Total Integration, que consiste em alavancas de mudança integradas as alavancas de freios.

Com algumas diferenças por grupo e modelo, é possível fazer as mudanças acionando pequenas alavancas anexadas às manetes de freio ou em pequenos botões no corpo da empunhadura.

Ademais, seu sistema permite a agregação de um número elevado de marchas, possibilitando a diversidade de uso das marchas conforme a necessidade.

A distância evolutiva destes trocadores diante dos seus sucessores é evidente, tendo diminuído drasticamente o risco de passar marchas de forma errada, ainda que seja um modelo um pouco mais pesado.

EZ Fire

Passador de marcha da linha Shimano Altus com tecnologia EZ Fire. Imagem retirada do site oficial da Shimano
Passador de marcha da linha Shimano Altus com tecnologia EZ Fire. Imagem retirada do site oficial da Shimano

O trocador EZ Fire é um tipo de Rapid Fire simples, comum em bicicletas de entrada.

Basicamente, esta alavanca tem as mesmas funções das sofisticadas Rapid Fire. Todavia, é mais lenta e um pouco mais pesada.

Trocadores de Estrada

Manetes de Controle Duplo

Passador de marcha. Crédito: Unsplash

Este passador indexado de troca de marchas foi desenvolvido para bicicletas de estrada, com alavancas de freio e mudança de marcha na mesma peça.

É bastante versátil e fácil de usar, permitindo maior controle que os demais passadores, na medida em que não é necessário largar o guidão ou freios para fazer as trocas. Desta forma, não há deslocamento da mão, estando a alavanca sempre à disposição.

Outra vantagem, assim como os outros passadores, é que permitem a agregação de uma combinação elevada de velocidades de marchas.

Existem alguns modelos mais simples, que contam com um botão de passagem na manete e o outro mais acima, no corpo da empunhadura, e modelos mais sofisticados, desenvolvidos para competição, com os dois passadores ligados à manete de freio.

Atualmente, estão lado a lado o sistema STI (Shimano), Ergopower (Campagnolo) ou Double Tap (SRAM).

Eletrônicos

Manete de freio da linha Shimano DURA-ACE com tecnologia Di2. Imagem retirada do site oficial da Shimano
Manete de freio da linha Shimano DURA-ACE com tecnologia Di2. Imagem retirada do site oficial da Shimano

Os câmbios eletrônicos também chegaram nas bicicletas, sendo que as grandes fabricantes são as responsáveis por desenvolver estes modelos, que são super simples. Basta apertar um botão.

Nos câmbios eletrônicos não há necessidade do uso de cabos de aço, pois funcionam mediante impulsos elétricos, garantindo extremo desempenho e vantagens em relação aos outros trocadores.

Além do mais, é possível que o ciclista disponha da posição dos botões onde fica mais conveniente na bicicleta, a depender da preferência de cada um e a forma de pedalar. A bike com câmbio eletrônico é desenvolvida para entregar o máximo de desempenho e modernidade, para ciclistas mais exigentes nas trocas de marchas das bicicletas.

Câmbios Traseiros

Os câmbios traseiros são responsáveis por tensionar e alinhar a corrente para que se mova entre as engrenagens do cassete. Ou seja, quando há uma troca de marcha, ele deve auxiliar a corrente a efetuar o deslocamento perfeito entre os dentes do cassete.

Tamanho do Braço

Outra aspecto importante do câmbio traseiro e perfeito funcionamento do trocador, é o tamanho do braço. Atualmente existem três tamanhos: short, medium e long cage, sendo que cada um deles serve para diferentes tamanhos de coroas e cassetes e efetuam movimento característico do seu tamanho.

Câmbio traseiro. Crédito: Unsplash

Câmbios Dianteiros

Por sua vez, os câmbios dianteiros possuem um funcionamento mais simples, pois consistem basicamente numa haste de metal que é movida para esquerda ou direita, empurrando a corrente entre as coroas da bike.

A depender da marca, você encontrará padrões diferentes de passadores e câmbios, variando ainda o material, podendo ser desde alumínio até fibra de carbono.

Vale lembrar que os câmbios são sistemas não intercambiáveis. Logo, um passador de uma marca só funciona com câmbio da mesma. Ademais, não é aconselhável misturar câmbios e trocadores com diferentes números de marcha.

Câmbio dianteiro e coroa. Crédito: Unsplash

Os câmbios tem o papel de movimentar a corrente sobre as engrenagens (chamadas de cassete, na roda traseira) e coroas (na pedivela), respondendo aos trocadores de marchas.

A combinação entre as engrenagens é que torna possível uma pedalada com mais giro e menos força ou o oposto, similar ao sistema de um automóvel.

Perguntas Frequentes

Qual a melhor marca de câmbios para bicicleta?

Existem diversas marcas no mercado, desde as mais de entrada até as mais profissionais, variando as tecnologias e qualidades. As mais populares são a Shimano, a SRAM e Campagnolo.

Câmbio Shimano é bom?

Sim! A marca Shimano é uma referência mundial quando o assunto é desenvolvimento tecnológico do ciclismo. Atualmente, há uma forte competição de mercado com a marca SRAM, o que pode ser uma vantagem para os ciclistas, que podem se adaptar a uma ou outra a depender da sua necessidade.

Seja como for, ambas apresentam peças que entregam muita rapidez nas trocas de marchas e qualidade.

Qual o melhor modelo de câmbio?

O melhor modelo é aquele que melhor se adapta às suas necessidades.

Como vimos, o câmbio funciona dentro de um sistema que envolve diversas outras peças, tendo como função mover a corrente através das diferentes catracas, respondendo aos trocadores de marchas.

Se você é praticante de MTB, o Rapid Fire pode ser uma melhor opção. Agora, para os estradeiros, optar pelo STI ou, se possível, pelo modelo eletrônico pode ser uma vantagem.

Qual tipo de passador é melhor?

Também é uma questão de gosto e necessidade.

Enquanto os twist shifters podem ter menos peso e serem mais baratos, os Rapid Fire podem trazer mais precisão e velocidade na troca de marchas, garantindo maior performance. Para quem pedala de speed, o mesmo vale para o sistema de dupla alavanca, que garante maior rapidez e versatilidade.