Seja você um ciclista profissional ou apenas alguém que curte passear de bike pelas ruas de São Paulo, outras capitais, cidades ou regiões, você sem sombras de dúvidas precisa conhecer o bike fit! E por quê? Simples: por saúde! Calma que você já vai entender.
Mas antes, gostaria de lhe fazer uma pergunta importante: Você já sentiu algum desconforto ou dor ao pedalar? Bom, se a sua resposta for sim, pode ter certeza de que você precisa do bike fit. Agora, se a sua resposta for não, como perceberá no decorrer deste artigo, o bike fit também é para você!
Ok, ok… eu sei que eu pareço ser cheio de certezas, mas assim que você ler esse conteúdo, muito provavelmente, você me dará razão! Bora conferir?
O que é bike fit?
Resumidamente, o bike fit nada mais é do que uma técnica que alinha as medidas do corpo do ciclista ao formato da bike. Normalmente, esta técnica é realizada por um educador físico e profissionais conhecidos como bike fitter.
Por sua vez, estes profissionais, através de avaliações e medições individuais, indicam qual o modelo e tipo ideal da bicicleta de acordo com a necessidade do ciclista.
É importante destacar que este tipo de serviço pode ser usufruído por qualquer pessoa, desde um ciclista profissional, passando por praticantes de mountain bike até ciclistas amadores e iniciantes. Afinal de contas, a técnica tem como objetivo garantir o equilíbrio entre o máximo de conforto, segurança e desempenho.
Deste modo, o bike fit consiste em melhorar a interação dos ciclistas com as bicicletas, levando em consideração suas necessidades corporais e de performance. Logo, é capaz de inclusive prevenir dores e lesões causadas por modelos incorretos e mau uso da bicicleta.
Como funciona o bike fit?
Como mencionado, o bike fit consiste em ajustar o físico do ciclista com a sua bike. Para isso, o profissional, que deve essencialmente ter formação prévia em educação física, realiza um trabalho individualizado e personalizado.
Este trabalho consiste em avaliações com o objetivo de compreender a biomecânica do corpo em movimento com a bike e realizar os ajustes necessários.
Normalmente, uma sessão com o especialista é composta por inúmeras etapas, sendo as principais: avaliação, medidas do corpo do ciclista e análise visual das pedaladas. Vamos entender como isso de fato funciona:
Avaliação
Basicamente, a avaliação dos profissionais bike fitters é a primeira etapa do processo de ajustes da bicicleta. Além de melhorar o desenvolvimento e o desempenho do ciclista, tal ajuste visa também o prevenir de dores e lesões, preservando sua saúde como um todo.
Como é feita a avaliação no bike fit?
Na fase de avaliação, é feita uma análise minuciosa de fatores como: ângulos entre as articulações, pisada, flexibilidade, postura, força, entre outros. Também são realizadas perguntas sobre o histórico de lesões ou dores; desejos e objetivos quanto ao ciclismo.
É importante ter em mente que todos os dados coletados são fundamentais para traçar a opção mais adequada de compra ou ainda as configurações e peças mais indicadas caso a caso, sem é claro, renunciar ao conforto e à segurança.
Medida do corpo do ciclista
Com base na medição detalhada do físico do ciclista, os profissionais do ramo são capazes de fornecer uma recomendação exata do modelo de bike ideal ou das peças mais adequadas de acordo com cada caso.
Neste contexto, as medidas coletadas são: altura/estatura; tamanho do torso; largura dos ombros; tamanho do antebraço; cavalo; comprimento das pernas; tamanho dos pés; entre outras.
Com essas medidas em mãos e fórmulas matemáticas, são realizados os ajustes para garantir a melhor posição do ciclista sobre a bike. Logo, são parte essencial para se conquistar o êxito e garantir a precisão esperada conforme as capacidades e demandas necessárias.
Afinal, o bike fit é um ajuste voltado exclusivamente para adequar a bicicleta ao seu biotipo. O que consequentemente, corresponde ao ajuste perfeito entre corpo e máquina, promovendo assim, alta eficiência e conforto durante todas as pedaladas.
Análise visual da pedalada
Além da avaliação geral e das medidas, o profissional responsável pelo bike fit também avaliará visualmente a pedalada do ciclista. Nesta etapa, o profissional usará parâmetros técnicos para observar a pedalada que contribuirão para a sua recomendação final.
A ideia aqui é garantir que a pedalada esteja sendo feita de forma correta, possibilitando um ajuste perfeito e que a pessoa consiga utilizar o máximo do seu corpo e equipamento sem sofrer com lesões ou dores resultantes de um movimento incorreto.
Há diferentes formas de realizar as medições que serão usadas para definir os ajustes, pode-se citar o estático e o dinâmico. No caso do estático, o ciclista fica parado em cima da bike, enquanto o profissional retira suas medidas.
Quanto ao dinâmico, este é classificado de duas maneiras: 2D e 3D, funcionando da seguinte forma:
Análise 2D
O método 2D consiste em filmar o ciclista pedalando com uma câmera posicionada na lateral ou na frente da bicicleta. Durante este processo, são realizadas marcações de pontos importantes no corpo.
Por conseguinte, as imagens captadas são estudadas e analisadas por um software específico que indica os ângulos e as medidas ideais dos componentes e peças da bike.
Análise 3D
Já o método 3D, é um pouco mais complexo que o anterior. Aqui, sensores são aplicados por todo o corpo do ciclista e câmeras específicas são posicionadas em pontos estratégicos.
Com base nas informações e dados coletados, o sistema é capaz de identificar as pedaladas na bike estacionária, que é semelhante ao modelo spinning e fornecer as medidas e posição exata da pessoa na bicicleta, bem como ela realiza o movimento e se estes estão ou não corretos.
Como é feito o ajuste da bicicleta ao corpo dos ciclistas?
Como observado até aqui, fica claro que comprar uma bike vai muito além de verificar questões estéticas, preço ou se o aro é ou não adequado para a altura do praticante de ciclismo.
Cada um de nós, possuímos um corpo com particularidades que se distinguem inclusive de pessoas que partilham da mesma altura. Isso ocorre, pois por mais que a altura seja a mesma, o tamanho do tronco, pernas e braços podem ser diferentes.
Desta forma, o bike fit se mostra uma maneira segura para a escolha do modelo mais adequado de acordo com cada biotipo. Principalmente, por se tratar de um estudo de corpo personalizado e completamente individual.
Logo, podem influenciar e até mesmo definir as peças e os ajustes mais adequados. Agora, vamos descobrir a importância destes ajustes.
Selim
O selim perfeito e confortável, é aquele que corresponde à largura dos ísquios dos ciclistas. O ísquio, nada mais é do que o osso da parte inferior da região pélvica. No caso dos homens, a medida costuma ser de 12cm e das mulheres de 13cm.
Entretanto, por termos características e particularidades distintas, variações costumam ser esperadas. Neste sentido, o selim deve ser 2cm maior do que a medida correspondente do ísquio.
Além do tamanho, o tipo, a centralização, a altura e a angulação do selim também são importantes para garantir o máximo de conforto e performance dos ciclistas, bem como evitar dores e lesões nas pernas, no nervo ciático e até mesmo na lombar.
Veja também: Selim Confortável – Os 7 Melhores do Mercado
Trocadores de marcha e manetes de freio
No caso dos trocadores de marchas e manetes de freio, o ajuste é feito com base na posição ergonômica para as mãos. Considerando que você estará no selim – ao menos a maior parte do tempo, os controles devem seguir uma espécie de linha imaginária formada pelos seus braços.
Todavia, se você gosta mais de pedalar em pé, eles devem estar apontados para baixo. Devendo, portanto, ficar na posição mais confortável possível.
Quadro
O tamanho do quadro, por sua vez, deve ser escolhido considerando a medida da perna. Já para definir o ângulo em relação ao selim, deve-se considerar a proporção do corpo e do fêmur.
Vale destacar que o ângulo do selim é sem dúvidas um dos aspectos mais importantes quando se fala em ergonomia. Dito isso, quanto menor o fêmur, maior deve ser o ângulo.
Entretanto, quanto maior for o ângulo (>73°) mais arisca e desconfortável será a bicicleta. Não à toa, este é um dos pontos considerados pelo profissional no bike fit.
Quadro de mountain bike
No caso do quadro de mountain Bike, o tamanho e a inclinação do cano que suporta o selim são dois fatores que influenciam na escolha mais adequada.
Enquanto o primeiro é definido com base na medida das pernas, o segundo é o que definirá o conforto e o modo de pedalar a bicicleta.
Altura total
Embora pareça ser apenas um detalhe, a altura total também é fundamental para o bike fit. Isso porque, a estatura é usada em uma fórmula (altura total / altura entre-pernas) para obter uma medida que dará uma ideia do tipo de tronco.
Neste sentido, se for menor que 2,0 é curto, entre 2,0 e 2,2 é proporcional e acima de 2,2 é longo. E qual é o uso deste parâmetro? Bem, é com base nele que outros aspectos como angulação do selim, posição da mesa, altura dos pedais entre outros são estabelecidos.
Tudo isso é feito a fim de evitar problemas e dores na lombar, no nervo ciático entre outros desconfortos, diminuindo também possíveis lesões.
Pedais
Segundo o bike fit, o pedal deve ficar posicionado entre o primeiro metatarso (dedão) e o quinto dedo (dedinho). Ao contrário disto, provavelmente, o ciclista perderá o giro, podendo sentir dormência na ponta dos dedos e até mesmo lesionar a sola do pé.
Considerando estes aspectos, o ajuste no taco é realizado para melhorar o encaixe da sapatilha e a fixação do pé no pedal ao pedalar.
Comprimento do pedivela
Via de regra, o comprimento do pedivela é medido do centro do eixo do pedal em relação ao centro do movimento.
Segundo os profissionais da área, um comprimento inadequado do pedivela pode acarretar lesões nas articulações dos joelhos, que de certa forma, ocorrem por conta dos esforços repetidos com os joelhos dobrados ao iniciar as pedaladas.
Guidão
A altura e o alcance do guidão também são regulados no bike fit, podendo este, ficar um pouco mais para frente ou para trás, dependendo da necessidade.
Além disso, o ajuste no guidão, também deve ser feito considerando a largura do ombro do ciclista. Afinal, se o guidão for muito maior, pode causar dor e dormência nas mãos e se for muito curto, pode prejudicar a condução da bicicleta.
Mesa
Entre os ajustes finais da bicicleta no bike fit, podemos citar a mesa do guidão, cujo objetivo é aperfeiçoar a posição do tronco sobre a bicicleta.
Um guidão baixo, por exemplo, é mais adequado para quem precisa aumentar o desempenho na subida, enquanto um mais alto melhora o conforto em pedalaras mais longas.
Comprimento das pernas do ciclista
A medição do comprimento das pernas é uma das mais importantes para o bike fit. Para descobrir a sua, basta medir a distância entre o meio das pernas e o chão.
Essa medição, posteriormente, será utilizada para ajustar, por exemplo, o selim e o pedal. Visando, é claro, proporcionar o melhor posicionamento e ergonomia do ciclista na bike.
Benefícios do bike fit
O bike fit é um dos serviços no mundo da bike que mais tem crescido e, bem, como vimos até aqui no decorrer desta página, tudo está atrelado aos benefícios que o bike fit é capaz de promover.
Entre os principais, podemos citar: maior conforto em geral; redução ou eliminação de dores e dormência no pescoço, nas costas, selim, joelhos, pés, pulsos, mãos e dedos; prevenção de lesões em geral; aumento do desempenho; agilidade; qualidade das pedaladas e promoção do uso correto do equipamento como um todo.
Para quem o bike fit é indicado?
Em resumo, o bike fit deve ser realizado por ciclistas profissionais, praticantes de MB, triatletas e até mesmo por pessoas que possuem a bike como meio principal de locomoção, independentemente do nível de experiência.
Quanto às pessoas que utilizam a bike às vezes para uma pedalada ou outra, o bike fit também pode ser indicado, primordialmente, em casos de queixa de desconforto e dor.
Quando fazer o bike fit?
No geral, o bike fit deve ser realizado necessariamente, antes da compra da bike. Afinal, como vimos, o bike fit realiza medições que definem aspectos como: tamanho do selim, quadro, largura do guidão, pedais, entre outros.
Além disso, o serviço também indica qual o modelo e tipo de bicicleta mais adequado para você. O que sem dúvidas, facilita – e muito – a aquisição.
Por outro lado, caso você já tenha comprado a sua bike em um site de e-commerce ou loja física, nem tudo está perdido. Basta levá-la até o profissional que realizará as regulagens e ajustes pontuais.
Onde fazer o bike fit?
Atualmente, o serviço de bike fit pode ser facilmente encontrado nas famosas bike shops. Em São Paulo, por exemplo, há inúmeras espalhadas pela cidade que oferecem o serviço e ainda dispõe de peças e modelos que podem ser adquiridos na hora.
Assessorias esportivas e estúdios especializados com profissionais que oferecem o serviço também são facilmente encontrados. Entretanto, não se esqueça que o profissional de bike fit deve ter formação prévia em fisioterapia ou educação física.
A escolha do profissional é fundamental para garantir os objetivos pretendidos.
Importância do bike fit
De maneira geral, saber qual bike é a mais indicada para o seu biotipo, tamanho e peso trata-se de uma tarefa árdua. Afinal, as preocupações que temos ao comprar uma bicicleta estão bem longe de considerarmos tais aspectos.
Como vimos no decorrer deste artigo, problemas como desconforto, dores e até mesmo lesões podem ser evitadas com o bike fit. Pois, como percebemos, o bike fit realiza o casamento perfeito entre o ciclista e sua bicicleta.
Deste modo, o bike fit, garante o melhor desempenho e qualidade nas pedaladas, mesmo com pouca ou muita experiência do usuário. Tornando-se assim, um dos serviços essenciais para quem ama o ciclismo e a experiência de pedalar por qualquer local.