O movimento central é um dos componentes mais negligenciados nas bicicletas. No entanto, quem realmente entende de bike não comete esse erro, uma vez que é o componente que conecta a pedivela ao quadro e sem ele a bicicleta não funciona perfeitamente.

Compreender sua importância, funcionamento e como escolher o movimento central de sua bike são cuidados essenciais para ter uma bike eficiente e confiável.

Afinal, além de ter o desgaste do pedal em si, o movimento central sofre danos por causa do terreno no qual a bike está sendo utilizada. Portanto, é uma peça crítica e que precisa girar com o menor atrito possível para não sofrer danos.

Quer saber mais sobre o movimento central e a importância da peça para o sistema de sua bike? Então continue lendo e confira tudo a respeito.

Movimento central e caixa de centro é a mesma coisa? Entenda tudo!

Homem engravatado pedalando a sua bike na calçada

O movimento central é a mesma peça que também é conhecida como caixa de centro. Peça esta que permite o movimento de rotação da pedivela.

Sua montagem pode ser rosqueada (threaded) ou encaixada (press fit). Atualmente o mais comum é encontrar modelos rosqueados, em especial em quadros metálicos, sendo usado mais comumente o sistema de encaixe em quadro de fibra de carbono.

A montagem é feita na parte inferior do quadro, localizando-se entre o tubo inferior, o tubo de selim e os chainstays do quadro de sua bike.

Nos modelos mais atuais o movimento central é montado apenas com dois jogos de rolamentos que são dispostos diretamente no interior do tubo da caixa de centro, o que possibilita que o eixo central seja parte integrante da pedivela.

Como escolher o movimento central ideal para minha bike?

Muito embora seja uma peça que não é tratada com a máxima atenção pelos ciclistas, a escolha é de grande importância para suportar o desgaste diário de uso a bike.

Afinal, a peça recebe o desgaste natural do giro do pedal e os impactos do terreno, além do peso do ciclista apoiado sobre a peça constantemente quando o mesmo pedala de pé.

Quem pratica modalidades mais radicais de ciclismo precisa investir na qualidade da peça, para que o eixo suporte a demanda durante a pedalada.

Quando o eixo quebra devido a agressividade do piloto e a pista acidentada, é natural que a preocupação com o movimento central se torne maior. No entanto, o mais indicado é aprender a escolher a peça sem precisar passar por um acidente envolvendo sua quebra. Por isso, vamos explicar um pouco mais sobre como fazer sua escolha.

1. Eixo quadrado – SQUARE

Movimento central com eixo quadrado da Shimano. Foto: Wikimedia Commons

Por muitos anos o sistema square dominou o mercado e ainda é muito usado. A utilização de movimento central quadrado é muito comum em bikes mais básicas, podendo ser de aço ou titânio, e se encaixa diretamente no pedivela. Por sua vez, o pedivela fica preso por um parafuso de frente ao eixo, tendo cada lado independente um do outro.

É importante saber que existem tamanhos diferentes de eixos e isso pode causar confusão na manutenção. A medida errada pode causar danos na chainline, ou seja, na direção que a corrente precisa estar alinhada entre os peões e a coroa.

O eixo quadrado é um modelo mais pesado se comparado aos modelos mais novos e, se não estiver bem ajustado, a possibilidade de desgaste é bem maior que outros modelos, podendo causar uma troca prematura. E, devido ao eixo utilizado neste sistema ser de um diâmetro menor que os outros sistemas, já tiveram casos de quebra de eixo também, algo que pode causar graves acidentes.

2. OCTALINK – padrão Shimano

Movimento central Octalink. Foto: Wikimedia Commons

Percebendo os problemas do modelo mais popular, a Shimano desenvolveu o próprio padrão visando resolver os problemas percebidos no modelo anterior. Com tamanho padrão e circular, o modelo Octalink tem ranhuras para encaixar o braço do pedivela. O design circular por si só possibilita que a peça seja mais forte que o modelo quadrado.

Outra vantagem é que este sistema não possui variação de tamanhos, sendo de tamanho único, não ocasionando muitos problemas na instalação e manutenção.

Apesar de ser um modelo patenteado, é fácil encontrar outros fabricantes que copiaram o Octalink, que por sua vez também apresentam problemas.

O principal ponto a ser observado nesse caso é que, com o eixo de diâmetro maior, os rolamentos acabam sendo menores, exigindo mais destes componentes e consequentemente podendo desencadear menor durabilidade dos mesmos.

3. ISIS

Movimento central Isis da Massi BB83

Desenvolvido pelo King Cycle Group, Race Face e Truvativ, o ISIS é um sistema de patente aberta que é uma resposta ao padrão Shimano.

Dessa forma o sistema foge da patente, desenvolvendo um padrão de eixo circular que pode ser produzido por todos os fabricantes, possibilitando alternativas de marcas para ciclistas que buscam um eixo central de qualidade.

Apenas braços ISIS se encaixam com eixos ISIS, não sendo possível misturá-los com Octalink, mesmo que tenham o mesmo diâmetro de 22 mm.

A principal diferença nesse caso é que no ISIS existem tamanhos de eixos distintos, sendo:

Além disso, o ISIS compartilha o defeito de ter rolamentos pequenos e, consequentemente, podem ter baixa durabilidade.

4. Sistemas com rolamento externo – HOLLOWTECH 2, X-TYPE E MEGAEXO

Movimento central FSA BB-6200 BSA Megaexo

Os 3 modelos podem ser agrupados e definidos como sistema de rolamento externo. O funcionamento é semelhante a uma caixa de direção aheadseat, tendo os rolamentos presos para fora do quadro.

O modelo já foi utilizado por marcas que não eram as mais expressivas do mercado. No entanto, o sistema externo apresenta a possibilidade de resolver os problemas de durabilidade e resistência que os outros modelos até então apresentados demonstram ter.

Tendo um espaço pequeno para o movimento central no quadro, as peças foram colocadas por fora para que possam ter um eixo maior, o que aumenta a durabilidade dos rolamentos.

Além disso, quem tem sistema de rolamento externo pode, com facilidade, ter intercâmbio de componentes, o que significa que é possível ter um pedivela Shimano com uma central de outra marca, o que permite a escolha de um conjunto totalmente personalizado para sua demanda de uso.

Isso só é possível devido ao fato de que no sistema o eixo de metal integra-se ao braço direito do pedivela e o eixo possui ranhuras onde o braço se encaixa. Além disso, o braço do pedivela é preso com parafusos laterais e não com um parafuso de frente para o eixo.

É por isso que os modelos de rolamentos externos resolvem os problemas apresentados pelos modelos anteriormente citados e ainda são mais leves.

5. Padrão Truvativ – ISIS HOWITZER

Movimento central Isis Howitzer

A Truvativ desenvolveu uma evolução do ISIS que é criado especialmente para a linha de pedivelas Howitzer. O seu eixo é mais grosso, tendo um encaixe diferente dos demais.

O movimento central também sofreu alterações, estando externo ao quadro para usar rolamentos maiores e consequentemente mais duráveis.

Mesmo assim, o modelo é diferente do citado anteriormente, tendo em vista que o eixo do pedivela não é integrado, o que significa que ele continua no movimento central e isso aumenta o peso.

6. Padrões PRESSFIT

O mais recente modelo tem o rolamento encaixado no quadro por pressão, dispensando a necessidade de roscas, o que desencadeia menor peso e permite o uso de um tubo central de diâmetro maior, aspecto que fortalece o quadro.

Alguns desses padrões permitem que a pista do rolamento seja encaixada diretamente no quadro, enquanto outras opções contam com moldura de plástico envolvendo o rolamento para que seja feito o devido encaixe no quadro, como ocorre nos modelos:

Pressfit 30

Movimento central SRAM Pressfit 30 BB-PF30-B2

Oferece rolamentos com moldura plástica para o encaixe perfeito. Tem eixo com 30 mm de diâmetro e não é compatível com pedivelas para rolamentos externos. Entretanto os interessados podem investir em adaptadores que estão disponíveis no mercado.

BB30

Movimento central SRAM BB30 BB-BB30-A1

Com conceito semelhante ao Press fit 30, a diferença se dá em relação aos rolamentos que fazem o encaixe sem a necessidade de moldura plástica. Além disso, se trata de um padrão livre de patentes.

Pressfit BB86 (Speed) e BB92 (MTB)

Movimento central press fit BB86 Shimano CeramicSpeed

Criado pela Shimano, é um padrão com moldura de plástico e eixo de 24 mm do pedivela, tendo compatibilidade com os rolamentos externos.

BB90 (Speed) e BB95 (MTB)

Movimento central BB90/BB95 Trek

São rolamentos que encaixam diretamente no quadro, o que dispensa o uso de moldura. Atualmente o modelo não é muito aceito, mas é usado por marcas como Trek e Gary Fisher, além de ter compatibilidade com pedivelas para rolamentos externos.

BB386 EVO (Speed)

Movimento central BB386Evo FSA

É um padrão que foi desenvolvido a partir da parceria entre a FSA e a BH. Versátil, o padrão usa um eixo do pedivela de 30 mm, mas o rolamento com moldura pode ser encaixado em quadros com rosca, assim como é viável para os quadros Pressfit 30, BB30 e no próprio padrão BB386 EVO. Portanto, é um modelo muito interessante para investir devido à sua versatilidade.

Tenha um profissional de confiança para a manutenção de sua bike

Percebeu que movimento central é uma peça vital para sua bike e, por sempre haver novidades relacionadas a peça, não é possível dominar o assunto de forma definitiva?

É importantíssimo saber exatamente o que está comprando, para que tenha uma boa escolha para sua bike. Por isso, ter noção sobre as opções disponíveis no mercado é tão fundamental. No entanto, quem não trabalha com bicicletas tende a ter muita dificuldade de dominar o assunto.

Afinal, é preciso entender sobre peso, tamanho, caixa de direção, rolamentos, pedivela, eixo, considerar todos os padrões adotados pelo mercado e, com base em todas as informações, fazer a melhor escolha.

Por isso, é interessante ter noção sobre a ampla variedade de modelos de movimento central antes de escolher qual é a bike ideal para a sua rotina.

Mas entenda que será necessário ter um profissional de sua confiança para que possa fazer a manutenção de sua bicicleta no dia a dia, uma vez que o uso diário irá desencadear a necessidade de manutenções. Portanto, é perfeitamente comum que as bikes apresentem problema e seja necessário procurar ajuda especializada.

Compreendendo um pouco mais sobre o sistema você terá condições de procurar um bom profissional para te ajudar numa manutenção eficiente, garantindo que sua bike volte a funcionar como deveria, fazendo as melhores escolhas para que consiga ter uma bicicleta resistente para o seu uso em específico.

Dessa forma, conseguimos prevenir problemas durante a pedalada ao exercer força e ver seu quadro quebrar. Afinal, não é raro que isso ocorra por erros nas escolhas.

Ao escolher a opção correta de peças para sua bike, os produtos atuam em conjunto com eficiência e viabilizam uma ótima experiência de uso da bike.

Sempre invista em qualidade

Considerar o terreno no qual utiliza sua bicicleta é um fator importantíssimo na escolha das peças. No entanto, quando o assunto é eixo, tipo de peça, quadro e tudo que envolve sua bike, o conselho é: invista em qualidade.

Não é em vão que marcas como a Shimano dominam o mercado. Os ciclistas que investem em peças de qualidade conseguem priorizar a pedalada confortável, evitando acidentes que envolvem a quebra da bike no meio do percurso.

Afinal, além dos danos de usar uma bicicleta que está com braços que não encaixam perfeitamente ou outro tipo de problema, é natural que o acidente cause danos para a saúde do ciclista.

Dependendo da gravidade do acidente é possível ficar incapaz de usar sua bike por alguns dias por ter quebrado uma peça enquanto fazia manobra ou em terreno mais acidentado.

Por isso mesmo, além de aceitar conselhos de um profissional confiável, sempre aconselhamos investir na qualidade de todos os componentes de sua bike para evitar qualquer problema de longo prazo, garantindo não só a minimização de riscos de acidentes durante a pedalada, como também maior durabilidade para todo o sistema.

O sistema bem montado e com manutenção em dia garante que todos os itens estejam devidamente presos em suas posições, minimizando riscos e danos ocasionados pelo uso do componente inadequado em sua bike.

Portanto, aproveite que agora já sabe mais sobre movimento central e suas especificidades para usar esses dados favorecendo sua pedalada. Investir em qualidade nunca é demais. E ter pessoas confiáveis para auxiliar nas escolhas ajuda significativamente a manter sua bike eficiente.